Por Anna Lydia (Jundiaí)
"A
nossa luta é por respeito,
Mulher
não é só bunda e peito"
"A nossa luta é por respeito,
Este foi o tema da Marcha das Vadias deste ano, quebre o silêncio contra toda a
forma de violência à mulher. A concentração deste grupo no mundo todo busca uma
forma de lutar contra a agressão e a desigualdade em relação à mulher. Infelizmente,
uma das maiores dificuldades para diminuir os casos de estupro e a violência é
exatamente o silêncio das vítimas. O medo fala mais alto, pois muitas vezes, o
agressor está muito próximo e é o próprio marido, namorado, pai ou irmão.
Mas
este tema me fez refletir outro tipo de violência e que não tratamos com a
seriedade necessária. É aquela violência silenciosa e cotidiana que temos de
lidar nas ruas, os gritos de “gostosa”, “delícia” e até mãos bobas que circulam
por nosso corpo em ambientes lotados. Estas atitudes podem ser tão dolorosas
quanto a agressão física em si, mas estamos tão acostumadas que só nos damos conta
o quanto isso é desrespeitoso quando alguma palavra mais forte nos é dirigida. Chegar
ao ponto de ter que escolher a roupa que chama menos atenção é o principal
sinal do quanto isso nos afeta.
Este
é um silêncio que também precisa ser quebrado, apesar de ser visto como exagero
por muitos. Graças a estes desconhecidos que ultrapassam os limites da
liberdade e acham que tem o direito de nos tratar como um pedaço de carne, é
que faz a sociedade crer que a culpada pelo estupro é a própria mulher. “Ela
deu brecha”, “ela usou roupa escandalosa”, “ela gostou”. Frases como estas,
ouvidas por muitas vítimas, nasceram de um simples e rotineiro “gostosa” nas
ruas, um olhar malicioso ou um burburinho entre amigos enquanto uma mulher
passava. Comentários machistas geram uma sociedade machista, que começa nas
ruas e termina na delegacia.
Quebrar
o silêncio vai muito além de expor o agressor, é também não aceitar comentários
desrespeitosos vindos de desconhecidos. E esta é uma luta tão complicada quanto
a agressão.
Como
forma de reflexão, vale a pena ler este texto e as consequências desta
violência silenciosa: http://papodehomem.com.br/como-se-sente-uma-mulher/